Maravilhoso apesar de...

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Maravilhoso "apesar de" há de ser o amor para todo sempre (amém), pois, sendo um "inclusive porque", um "porque" ou um aterrador "apenas porque" não lhe poderei chamar pelo nome, forte e tenaz que riscou na história o que é humanidade. Lhe chamarei no máximo por carinhosa alcunha e nos contentaremos em chamar-lhe gostar, bem querer.
Mas, por "apesar de",se fez o mundo. Apesar de saber que o outro não é exatamente a personificação do sonho de uma vida, apesar de crer que existem por aí pessoas de mais fácil convivência, pessoas que dariam muito mais importância ao fato de estarem com você, pessoas mais magras ou mais fortes, mais sábias, ponderadas, ou mesmo, mais impulsivas, empreendedoras, pessoas mais hollywoodianas, mais oníricas, mais do vizinho.
E com tantas pessoas no mundo, amar a quem se ama é um imenso exercício do apesar de, que conhece do mundo as inebriantes possibilidades, a gama de escolhas e descobertas a que se escolhe renunciar, porque apesar de tudo, nossos reles amados mortais aninham-se no recôndito mais reservado de nós, lá onde se resguarda o melhor do que se pode ser, a potencialidade mais legítima do que é ser humano.
Maravilhoso apesar de! Nos põe à boca a sensação de beijar a eternidade. Pois o que será o amor, dentre milhares de suas explicações, senão reencontrar-se com o ancestral? Não há nada de novo em amar. É a boca esperada, a sensação conhecida, propagandeada, é aquilo que disseram e no fim, não é nada, nada que possam alcançar nossos sonhos antes que nossas bocas se arrisquem com sinceridade a dizer que é amor. E pasmemos, é ímpar. Todos explicamos pelas mesmas diversas vias, mas, sabemos, sorridentes e travessos, nenhuma delas esgota o que há de autoexplicativo e ancestral em amar.
E, apesar de mortais na multidão, sela-se com a alma do outro, em cada cotidiana escolha de realmente amar, de ser melhor e mais humano, um pacto com a eternidade, porque o amor é maravilhoso, apesar de sermos o ambivalente recanto onde lutam todas as dualidades.

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