Advogando o Fim do Mundo

13:00

Tentei a leitura do horóscopo. Diária, reflexiva, pedagógica.
E, de todas as credulidades no bem, eu experimentei um pouco, do flerte ao gozo, todas na medida em que pôde meu coração taurino.
Pena.
Pena não haver mais pureza o suficiente para elocubrar com as credulidades, não haver mais tempo disponível para exercitar escapismos e ater-me àqueles instantinhos em que é fácil crer que vai-se irremediavelmente para frente.
Não me vão imputar a individualidade desse fatalismo ainda jovem, o ônus de provar minha teoria sinistra, apocalíptica, do desejado fim, da solução final.
Das minhas aulas de sociologia, do meu pendor à Gramsci, não sobrou pelo Príncipe crédito que me partidarize. Mas achei, enfim, partido que me abrigue.
Este pelo fim do mundo, que já está fundado em cada um dos corações mais desalentados deste mundo. No tácito cotidiano e nos gritos que dele se levantam atrozes contra nossa normalidade. Nas grandes vias e nas vielas. Estamos a crer unidos que há de acabar. E mais: que tem que acabar.
Talvez amanhã eu acorde otimista, embalada por um jazz vibrante e sinta de novo pulsar na carne toda esperança de que precisa uma filha de Deus neste mundo sombrio. É de Duke Ellington, no sax de um anjo compenetrado e sua face serena, na trilha da redenção, do último jazz. Enfim o juízo de que precisamos, de que precisávamos, mais precisamente.

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