Minha verossímil declaração de amor

21:09









Porque ainda ontem beijei teus lábios,
prometi seguir te amando.
Fiel feito cadela, abnegada feito Amélia,
aconchegante como mãe, doce feito Camélia.
Ignoro eu qual corruptela do amor acometeu-me

Mas a verdade é que cadelas têm caninos;
Amélias morrem tarde na reflexão do seu fracasso;
Mães relegadas a difíceis tarefas concebem meninos;
E de Camélia eu não chego ao baço.

Eu ofereço erros, que arrancam lágrimas
Erros nos quais tropeçarão qualquer sentimento
E por si só são lástimas.

Eu efereço dúvidas que farão do meu sangue
líquido flamejante, que vão cerrar meus punhos,
fazê-lo suspeito de furtivo amante.

Palavras nem sempre sublimes, mas palavras
Na essência e no dito, na angústia e no êxtase.
No pesar e na contemplação.
No espírito, acima das nuvens ou abaixo do chão.

Eu ofereço mãos que afagam na medida que afogam,
impetuosa ou impiedosamente
A despeito do que for inerente.

Ofereço pés que andaram no caminho das pedras
E mal distinguem rocha de coração.
Mas que isso, eu lhe ofereço rimas pobres, corajosas no ato desesperado
de dizer a verdade.
Quando o que se presume de si é a perfeição

Eu lhe ofereço egoísmo, devoção e sobressaltos por esta trilha,
minha lealdade felina,
A inversão deste segundo valendo 60 minutos.

A poesia de rimas pobres, parcamente versadas, ricamente sentidas,
Nas acepções bregas, piegas e insanas das palavras.

Lhe ofereço humildemente o meu coração
(E todo pacote supracitado)

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